terça-feira, 10 de abril de 2018

Capitiú

Caapitiu

Nome científico: 

Siparuna guianensis Aubl.

Sinonímia popular: 

Negramina, folha-santa, marinheiro, capitiú, mata-cachorro, catingoso, limão-bravo, cicatrizante-das-guianas, erva-santa, amescla-de-cheiro, jaqueira, catingueira-de-paca, fedegoso.

Sinonímia científica: 

Angelina divergentifolia Pohl ex Tul.

Família: 

Siparunaceae

Partes usadas: 

Folha, fruto.

Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 

onoterpenos, sesquiterpenos, álcoois sesquiterpenos, cetonas alifáticas, ácidos graxos, alcaloides do tipo aporfina, flavonoides (quercetina e derivados glicosilados), siparunona, espatulenol, 2–undecanona, ácido decanóico (e derivados), ledol, elemol.

Propriedade terapêutica: 

Afrodisíaco, febrífugo, hipotensivo, analgésico, antitussígeno, abortivo.

Indicação terapêutica: 

Poção do amor, febre, problemas digestivos, apaziguador antiespasmódico, dores em geral (especialmente dor de cabeça), enxaqueca, malina, resfriado, banho de descarrego, tosse, constipações, gripe, bronquite.

Nome em outros idiomas

Inglês: fevertreeEspanhol: picho huayo, arbol de la fiebre, asna huayo, hierba de pasmo, hoja de danta.

Origem
Nativa da Mata Atlântica (Brasil).

Descrição
Arbusto monóico, alcança de 5 a 15 m de altura e diâmetro de 20 cm. Casca cinza e lisa, pequenos ramos jovens cilíndricos, achatados nos nós, com pêlos estrelados.

Folhas simples, membranáceas, margens lisas, opostas. Flores e frutos surgem em forma de cacho próximo às folhas. Fruto múltiplo cupuliforme, globoso, densamente coberto com pêlos, têm polpa adocicada e sementes com arilos.

A planta é facilmente reconhecida por uma característica: ao amassar as folhas ou cortar seus galhos, exalam um cheiro desagradável de peixe.

Uso popular e medicinal [3,4]
Esta espécie é bem conhecida como "árvore-da-febre" porque é amplamente utilizada em muitos países como remédio natural para uma gama de febres. Outro uso popular pelas comunidades tradicionais é a "poção de amor", ou como é chamado na região amazônica "pusanga de amor". Frutos e folhas esmagados são esfregados no corpo para tornar o homem "irresistível às mulheres".

A planta é indicada para todos os tipos de febre, problemas digestivos, como apaziguador antiespasmódico, contra dores em geral (especialmente dor de cabeça), tosses, constipações, gripe e bronquite.

S. guianensis tem vasto uso etnobotânico na América.

A decocção de folhas serve como bebida contra desordens estomacais, banho pós-parto e externamente contra gripe. As folhas são usadas para compressas ou cataplasmas contra dor de cabeça e reumatismo. Folhas de S. guianensis combinadas com folhas de Campomanesia (gabiroba) são usadas como remédio anti-malária.

As folhas são preparadas como chá e tomadas em casos de frios, febres, pressão arterial alta, doenças reumáticas e cólicas. Externamente, moídas com sal, são preparadas como cataplasma anti-inflamatório ou o decocto na forma de banho durante o parto. 

Tomam o decocto das folhas e da casca do caule para frios, gripe e febre, administrando-o oralmente em pequenas quantidades, mas principalmente na forma de banhos.

Os frutos são consumidos para dispepsia e indigestão. O chá dos frutos usam para aliviar congestão nasal e frios.

Frutos e folhas esmagados formam uma mistura pungente. Esfregada no rosto e cabeça, serve para tratar "dor de cabeça de febre" e a infusão das folhas é empregada como febrífugo. 

Esfregam as folhas amassadas na cabeça e corpo para vertigem. O chá das folhas é recomendado para reumatismo.

Tratam herpes aplicando a casca aquecida nas áreas infeccionadas, enquanto as folhas aromáticas são esfregadas na testa e fortemente inaladas para tratar dor de cabeça. O decocto das folhas é indicado como carminativo e estimulante.

Usam o decocto das folha para frios, gás intestinal, mordedura de serpente e banho pré-parto. 

Faz-se o uso de infusão como analgésico e o decocto ou infuso de toda a planta como anti-inflamatório, carminativo, estimulante, nas cefalalgias, gripes e resfriados. O cataplasma, a compressa ou o banho são usados para reumatismo, coluna e artrite.

As folhas são utilizadas na forma de banho para sinusite e dores no corpo.

A espécie é usada para curar a "malina", dor de cabeça causada pela exposição demasiada ao sol, provocando corrimento de sangue nasal. Para tanto, utilizam um semonte - folhas secas junto ao fogo, moídas e misturadas ao fumo ou puras - para cheirar e uso tópico.

Na forma de chá e banhos as folhas são utilizadas contra fraqueza e também malina. As folhas são fervidas e utilizadas em banho para febre e "quentura" na cabeça, espécie de enxaqueca.

O sumo das folhas com mastruz (Chenopodium ambrosioides) é relatado como medicinal para pós-operatório. 

Raizeiros recomendam a folha na forma de decocto e infuso para malina, resfriado e banho de descarrego para mau olhado, podendo ser associada à quina, assim como para hipetermia e hemoptise (expulsão de sangue pela tosse).

Composição química [1]
Em um estudo sobre a composição do óleo essencial das folhas de S. guianensis, os autores apontam que já foram encontrados monoterpenos, sesquiterpenos, álcoois sesquiterpenos, cetonas alifáticas, ácidos graxos; foram isolados alcaloides do tipo aporfina (fuseína, 1,2-metilenodióxi-5-oxoaporfina, liriodenina, cassamedina); e isolados três flavonoides (quercetina e dois de seus derivados glicosilados). A liriodenina é relatada como um sedativo do sistema nervoso central enquanto os alcaloides do tipo aporfinas apresentam atividade antioxidante. 

Na análise do óleo essencial o maior componente encontrado foi a siparunona, observando-se também a presença do espatulenol, 2–undecanona, ácido decanóico e seus derivados, ledol e elemol.

Dosagem indicada [3]
Contusões, problemas de pele, "pusanga" (poção do amor). Preparar as folhas como uma infusão padrão ou decocção, tomar um copo 2 a 3 vezes ao dia. As folhas são também preparadas como uma tintura de álcool para uso tópico.

Cuidado [2,3,4]
Por ser abortiva, não deve ser usada durante a gravidez.

As cascas dos frutos são tóxicas para animais, pois são ricas em alcaloides do grupo benzilisoquinoleínico. Conforme relato de pecuaristas no Estado de Tocantins (Brasil), S. guianensis está relacionada a casos de abortamento e mortes em bovinos, devido a presença de alcaloides na casca do fruto.

Outros usos [4]
Em algumas comunidades rurais o caule serve como combustível para fogões e fornos.

As folhas são empregadas em armadilhas para peixes devido ao odor, que disfarça o cheiro humano.

Extratos são usados para matar insetos daninhos ou como inseticidas.

As folhas são utilizadas como repelentes nos galinheiros, contra piolho de galinha.

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